Domingo, 20 de Fevereiro de 2011

E tudo a água (e o betão) levou!


Em Fevereiro de 2007 publicámos aqui um artigo sobre os perigos que espreitavam o extraordinário vale do Rio Tua, a propósito do acidente ocorrido na linha férrea que então o percorria. Exactamente quatro anos depois, as piores ameaças concretizaram-se e, com a pompa e circunstância devidas ao assentar de uma primeira pedra, foi dado início à construção do jazigo que vai sepultar todo um património natural, paisagístico e cultural de grande valor. Mais uma batalha parece assim perdida a favor de interesses poderosos. E de batalha em batalha, vamos perdendo a guerra contra um paradigma de desenvolvimento insustentável, destruindo sem retorno marcas únicas de um património que deveria ser de todos nós.


A este propósito tomo a liberdade de transcrever o comunicado da associação ambientalista Quercus, o qual espelha o que vai na alma de muita gente e põe a nu algumas verdades que nos querem ocultar:
«A primeira pedra da barragem da Foz do Tua simboliza a pedra que se quer colocar em cima de um defunto aquando do seu enterro. Simboliza o desejo pela morte do Turismo do Tua, da biodiversidade do Vale, do Desenvolvimento Sustentável, do Património Humano, Cultural e Arquitectónico e da Linha do Tua com mais de 123 anos de História. Demonstra ainda o desrespeito pelo passado e o “não querer saber” do futuro. O desrespeito pela identidade da região.
A futura barragem, a ser construída, produzirá o equivalente a 0,07% da energia eléctrica consumida em Portugal em 2006 (Dados da Rede Eléctrica Nacional). Esta barragem afectará de modo irremediável o Património Natural do Vale do Tua, um dos mais bem conservados de Portugal. Afectará também de forma irreversível a paisagem Património Mundial do Douro Vinhateiro. A construção desta barragem:
- Viola a Directiva Quadro da Água, por destruição da qualidade da água;
- Acaba com a linha do Tua e com a acessibilidade ferroviária ao nordeste;
- Irá afectar muito negativamente os últimos dois pilares de desenvolvimento da Região de Trás-os-Montes e Alto Douro: a Agricultura e o Turismo. Recorde-se que estas duas actividades não são deslocalizáveis e de alto valor acrescentado.
Se barragens fossem sinónimo de riqueza e emprego, esta região seria uma das mais ricas e teria taxas de desemprego mais baixas da Europa. Contudo, tal não se verifica, bem pelo contrário. A região de Trás-os-Montes e Alto Douro está a ficar cada mais pobre e despovoada, sendo que a concretização deste empreendimento só irá agravar a situação.»

Recomenda-se também a visualização do excelente documentário “Pare, Escute, Olhe”, de Jorge Pelicano: http://www.pareescuteolhe.com/

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