Alguns dias atrás visitei Sortelha, uma das emblemáticas Aldeias Histórias de Portugal. Já lá não ia há cerca de 15 anos, altura em que a aldeia estava a começar a dar os primeiros passos com vista à sua recuperação e valorização. Confesso que não me apercebi de grande evolução entre o que vi e senti na altura e o que agora se pode encontrar nesta aldeia. Fiquei com a estranha sensação de que neste caso, esperemos que não em todos os outros, talvez se esteja à beira de uma oportunidade perdida, do gorar de algumas expectativas e que muito mais se poderia ter já feito para colocar estes espaços nas rotas turísticas e culturais do nosso país, contribuindo assim para o desenvolvimento local e para o estancar do abandono a que o interior do país tem sido votado.
No dia seguinte passei pelo Sabugal, sede do concelho ao qual pertence Sortelha. Num dos poucos espaços que no (mal aproveitado) centro histórico, persiste em apostar na qualidade do serviço e na valorização da cultura local, tomei conhecimento de um abaixo-assinado com o título “Vamos Salvar Sortelha”. Depois de me inteirar do assunto, fiquei ainda mais convencido que as minhas impressões do dia anterior tinham sido o espelho de uma realidade quiçá ainda mais preocupante.
A ser verdade o que se retrata na foto em anexo, a instalação de um parque eólico a poucas centenas de metros das muralhas desta aldeia histórica será mais um grave atentado ao nosso património comum e um motivo para a crescente descrença de quem ainda acredita e luta pela sobrevivência do nosso mundo rural. Não se trata de pôr em causa o investimento nas chamadas energias alternativas, as quais devem ser uma opção cada vez mais importante no que toca à resposta de conciliar as necessidades de consumo de energia com a urgência de a produzir de forma sustentável. Aqui o que está em causa são outros valores, os quais não podem ser sacrificados em nome de interesses pessoais ou comerciais, como se um aerogerador fosse a panaceia que ninguém pode contestar ou colocar em questão. O que aqui e em vários outros locais do país está em causa é a falta de bom senso, a ausência de visão e a arbitrariedade de quem decide instalar um parque eólico num espaço único em termos naturais, culturais e paisagísticos. Existem marcas que são insubstituíveis na identificação de um local ou até de um país. Deveríamos ser minimamente inteligentes e perceber que essas marcas não podem ser apagadas de ânimo leve, sem se estudar todas as alternativas possíveis e explorar todas as soluções minimizadoras que se imponham.
Ao que parece há quem ainda lute contra estes “moinhos de vento” que nos tentam vender a todo o custo, como sinónimo de progresso e desenvolvimento. Se acharem por bem podem assinar e divulgar a petição "Vamos salvar Sortelha" em: http://www.petitiononline.com/Sortelha/petition.html.
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